Interlúdio
Por esta altura, já deves perceber mais ou menos o que se passa aqui. Senão, deixa-me pintar-te o Picasso. Este é um conto de contos, um sonho de sonhos. Uma história, um sonho, uma vida: qual é a diferença, afinal? Não existe uma sequência cronológica, porque afinal de contas o tempo é uma construção humana, criada para que possamos manter a ilusão de que temos algum controlo do que se passa à nossa volta. Passado, presente e futuro. Um ponto e vírgula e pêras. Substitui-se a mentira da ordem temporal pela vontade de contar uma história; a mais incrível, caótica e baseada em factos irreais que vivi em qualquer uma das minhas vidas. Desabafei contigo, fiz-te perder o teu tempo. Contei-te os meus sonhos, mas vivi tantos mais. E o melhor ainda está para vir, não gostamos todos de acreditar nisso? Não me lembro de muitos e alguns até fiz por esquecer. Mas falhei. Aquilo que mais quis agarrar escapou-me por entre os dedos; o que mais quis evitar persegue-me como uma sombra. Não i...